O povo merece, trabalhar menos...

quinta-feira, 24 de maio de 2007

Por favor, Faça valer o nosso Direito”. Chega de assistir a tudo isso de braços cruzados. “O povo merece respeito”

Uma mulher Chama-se Tânia Moritz... Teve sua frase usada, exaustivamente usada, na mídia hoje. Ela reclamava um direito e fez Maria João pensar.

Maria João está há dois dias, em casa.
Não foi a aula.
E perdeu seu pobre dia de trabalho.
Não viu seus amigos e nem foi aos cursos de aprender a ser gente.

Mas Maria, Mas João, Mas Maria João... Vê...
Diverte-se e pensa...

Será que povo ainda tem noção da força que tem.

“O povo merece respeito”.


A cidade está um Caos.
C - A - O - S !!!!!!

Chega de assistir a tudo de braços cruzados”.

Nada anda, nada corre nada funciona, tudo parado...

Ela ri, quer subir no carro de som, também quer um megafone...

Procura a primeira página do jornal, o noticiário da tv, tem mais povo pensando, brigando, tomando espaço e gritando ...

Maria João perdeu o dia de trabalho, não vale muito mesmo, não paga nem o ônibus.
Ela hoje e ontem não viu os ônibus andarem
Todos, todos os Motoristas e Cobradores parados, chamando pelo “Façam valer o nosso Direito” Esse direito, essa força de ser gente e de saber que não se nasce pra ficar acorrentado ao trabalho.
Gostaria que a costureira que lhe ensina a dar pontos certos, também tivesse essa força e entendesse que povo, é ela, é o estudante sem dinheiro, ou sem sonho, que o povo é a tia da faxina, é o moto boy, e a merendeira do colégio, que povo é o artista que só tem a noite pra sua arte, que é o professor em sala nos três turnos. Dona Tânia Moritz, a auxiliar de serviços gerais, que trabalha muito e não podia chegar atrasada, também é. O cobrador é povo, e o motorista também é. Ele lamenta que o povo fique parado, sem ônibus e motorista, mas assim eles conseguiram mostrar, Todos... Todos eles, assim meio de repente, e fazendo um barulho bom de ouvir, num quase acampamento na frente dos terminais, que tem gente que ainda lembra que é povo. E povo ainda pode gritar e fazer parar.

Maria João percebeu, que Dona Tânia, falava a mesma coisa, que o motorista e o cobrador em greve.

... E os ônibus não andaram em Blumenau, e Blumenau, ficou congestionada, e se andou a pé, de bicicleta e de carona em Blumenau.

E todo um povo, alguns até sem saber, pararam... Porque tem gente que não agüenta mais trabalhar tanto e não ter tempo de viver.

Os motoristas e Cobradores das empresas de ônibus de Blumenau, ainda querem viver.

E Maria João, aplaude e joga baquetas no ar, parte pra aula amanhã em sua velha bicicleta aposentada num canto.
Maria João ainda sente o vento no rosto. E grita...
Nós “ povo” merecem respeito

3 comente ...:

Anônimo disse...

E o povo parou....e conversou...e pensou um pouco sobre essa cidade...sobre essa nossa vida Conversa no ônibus " Porque a vida não é só trabalho não, agente é pobre, mais também quer viver, tem mulher, filho, tem família....."
E Macabéia sorri ao escutar tudo isso....e sonha com novas possibilidades de fazer a cidade parar...por dois, três, quatros dias...para que se possa pensar sobre essa nova vida.....

Maria João disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Unknown disse...

Que sentimento maravilhoso invade meu peito em ver a classe mais linda e mais bela se organizando,,,
Ventos soprados pela classe trabalhadora, rompendo os pequenas cercas do capital,,,tendo coragem para enfrentá-lo.
Como queria eu, estar junto com este povo bonito e sofrido, gritando nas ruas de Blumenau. Fisicamente estou longe, mas ideologicamente perto e torcendo para que isso seja o prenúncio de transformação nesta cidade que um dia Florestan Fernandes afirmou ser um laboratório de novas experiências sociais e econômicas do seculo XXI,,,
Adorei o texto!