Queremos Mais ....

segunda-feira, 9 de abril de 2007

Talvez existam coisas que me irritem bem mais que algumas das deficiências da cidade.
E... Saibam... São muitas as carências nossas e da nossa gente.

A maneira como vêem a arte, a produção artística, os artistas da cidade.
Talvez a maneira como as pessoas exijam isso me incomode muito mais.
Como se toda arte por aqui, precise ser tão limpa e asséptica, quanto um cadáver em formol.
Lamentavelmente a arte assim pensada é tão morta quanto.
Quanto tempo esse povo vai demorar pra entender que as cores, formas, as músicas, cenas, roteiros, as letras, os versos.
Tudo...
Movimenta-se...
Em constante mudança, em constante avivamento. Um gigantesco e vivo palco giratório! Num cubo de vários lados diferentes.

Não sei do que estou falando direito e não me importo muito. Sou apenas uma espectadora, não tenho olhos críticos treinados, exaustivamente treinados, fugi do exército, sou contra treinamentos... Já me bastam as salas de aula

Só sei, que sai da frente da minha tv e como não tenho ninguém pra fazer ninhos de páscoa e esconder ovinhos pelos cantos da casa, resolvi ir ao teatro.

A peça, Boa! Com interpretação bem trabalhada, leve, com finais felizes, bastante humor, falando de relacionamentos comuns, cotidianos, não faz muito meu estilo, gosto de socos no estomago, gosto do caos, mas foi bom estar ali em companhia de amigos que também amam teatro, sentir o balançar peculiar das cortinas, o cheiro característico da madeira das salas...
O som... As luzes, os escuros... Tudo tão presente, tudo tão em cena.
Maravilhosamente melhor do que a bestial tv dos feriados...

Fiquei além das coxias, pra conversas, com o povo do teatro, conversa pra troca de idéias, falando do texto, roteiro, história da companhia, como a peça foi pensada montada, destrinchada... Apresentada e recebida em outras casas.

Me senti na cozinha deles ...

Tudo ia bem, até um belo imbecil (eis o que me tirou do sério) com cara de defunto em formol, bestializado pelos vômitos dos livros que lê tanto quanto a tv dos que ele diz pobres e ignorantes, porque será que senti o fedor do que há de podre na nossa cidade nos comentários dele?

Se nosso teatro é elitizado e eu questiono, por Carlos Jardim, se revirando no tumulo.
É por que gente como ele tem acesso á mais espaços e discussões que alguém como eu. Por que gente como ele pode falar, além dos editais mornos do jornal, além das primárias salas de aula, gente como ele pode formar opinião.
E ... eles ... não fazem nada além de criticas banais, infundadas em surtos nostálgicos, sobre o que Blumenau já teve e sobre como Blumenau já foi!

Meus amigos abram os olhos, o passado é agora.

Eu quero mais que Lindolf Bell na minha cartilha de escola, Blumenau tem outros nomes, meu vão professor... Eu também quero escuta-los.
E se o senhor saísse mais vezes de sua confortável escrivaninha falaria deles com a mesma honra que merece nosso poeta dos girassóis que fala tão bem dos açus da nossa cidade.



Outra coisa que me fez urgir baquetas pelo ar...

Disseram que não há divulgação... Eu informo...
Os cartazes da Fundação cultural estão nos terminais urbanos, na fundação e no teatro Carlos Gomes.
Estão na internet, nas várias listas de e-mail de quem ama a arte por essa cidade...

Dizer que não há divulgação é fechar os olhos pra ela, por que ela está aí, nos roteiros que recebo todo dia.
Nesse nosso imenso palco giratório!



E eu Maria João ... mesmo tonta ... ainda decido ...

2 comente ...:

Vini disse...

Que bonitinho esse blogueeee!

Rosa Mística disse...

agradecemos o elogio .. inda mais se tratando de um jornalista ! rsss