Arquivo Urgente!

sábado, 6 de outubro de 2007

O Artigo abaixo escrito por Ricardo Machado* é uma apelo há uma causa que parece justa ... a pesquisa histórica depende de documentos, principlamente para confiar legitimidade aos fatos, é lamentável considerar, a falta de valorização desses documentos que comprovam uma história antes mesmo que alguém a escreva ...


Blumenau tem uma relação muito particular com sua própria história. O mais curioso é que esta relação consegue articular uma exaltação e desprestígio ao mesmo tempo.

Por um lado, a cidade produziu para si uma identidade que busca constantemente se justificar em aspectos históricos. Esta concepção de identidade é reafirmada cotidianamente na cidade através de um discurso que sustenta a política cultural e turística local, exaltando determinadas características e invisibilizando outras. Por outro lado, a cidade tem uma política que deixa muito a desejar no que se refere a conservação de documentos históricos. Para visualizar isso, basta visitar rapidamente o Arquivo Histórico José Ferreira da Silva.

Foi no final dos anos de 1940 temos a organização inicial de um arquivo público em Blumenau. Nos anos 70, já com o nome de atual, o arquivo tornou-se uma referência nacional quando se trata da imigração do século XIX para o sul do país. Por isso, é comum encontrar em suas dependências pesquisadores de várias regiões do Brasil e até mesmo de vários outros países. Basta lembrar que seu acervo não se refere somente aos limites da atual cidade de Blumenau, mas, sobretudo aos limites da antiga Colônia Blumenau, isto significa que a documentação de diversas cidades de Santa Catarina se encontra aqui concentradas.

Mas, a sua situação é triste. Apesar do empenho pessoal de seus funcionários, nas últimas décadas o arquivo vem sendo desprestigiado pelo poder público. Este desprestígio tem resultado em sua quase completa inviabilidade: os pesquisadores não conseguem mais pesquisar; os funcionários estão com suas condições de trabalho precarizadas (inclusive colocando em risco sua saúde), a documentação não possui mais espaços adequados para sua conservação e o próprio prédio em que se localiza não tem a sustentação arquitetônica necessária para tal empreendimento.

Está mais do que na hora de discutirmos seriamente uma política patrimonial e de conservação documental para a cidade de Blumenau. Mas para isso, em primeiro lugar, o poder público precisa tomar esta como uma de suas prioridades. É urgente a necessidade de construir um diálogo com os historiadores, as universidades e entidades locais buscando viabilizar alternativas concretas para o Arquivo Histórico José Ferreira da Silva.

*Mestre em História e professor da FURB.

1 comente ...:

Rosa Mística disse...

... é triste ..muito triste ver o completo desleicho do poder público ao arquivo histórico.. é preciso priorizar, garintir..

Muito bom o artigo do Ricardo .. q bota o dedo direto na ferida. artigos assim deveriam se multiplicar!